domingo, 7 de fevereiro de 2010

A Bicicleta e o Tempo, de Antonella Catinari

Do Resplendor de Arcanjos
Pedimos a atenção dos duzentos milhões de pares de olhos brasileiros para este livro(1) numericamente mísero (50 páginas!), porém majestático e solene em sua simplicidade. Plataforma de embarque para o nada íntimo, pista de pouso de anseios errantes.
A narrativa, plena de implicitudes, possui apenas ponto de partida. Até porque bicicleta difere de ônibus, metrô ou avião, que cumprem roteiros predefinidos, com passagens reservadas.
Após relermos seu livro, algo espantoso sucedeu: não precisamos mais folheá-lo ou sequer segurá-lo: ele pairava à nossa frente, sobre a mesa, soberano, triunfante, conciliador. Em curiosa leveza, as palavras-lenços sustinham seu peso físico.
E aceitamos aquilo naturalmente. Pode?!


Aspectos técnicos
Esse processo dialogal, essa interação contínua, mescla a "ativação de vários conhecimentos prévios”(2), nossa cosmovisão de seres e coisas, a involuntárias associações estéticas. Surgem então --- surpresas felizes --- ondas e praias, vagas e rochas: ai! perdidos!, abandonados na noite sem fim das saudades... Valei-nos, jovens diamantes!
Descobrimo-nos subitamente mares, veleiros, pendões, motins, libertações; murmúrios, corais, aleluias... E sobretudo paz sem voz ante o efêmero Anjo da Beleza.


Convite
Pessoal: eis adiante o extenso ciclário. Desnecessária qualquer indecisão: as próprias bicicletas os escolherão. Montem, bambini, pedalem sem temor do tempo infinito... Ciao!

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Perfil:
"Antonella Catinari, professora universitária, é mais uma escritora a debutar na maturidade. Em seu livro de estréia, "A Bicicleta e o Tempo", essa carioca de 40 anos - formada em Letras e com especialização em Literatura Infantil e Juvenil - junta memórias da infância à sua experiência de 15 anos como professora de adolescentes no tradicional Colégio Pedro II, para revelar os sentimentos contraditórios de uma menina na puberdade.
Em vez de cair no tom professoral tão fácil ao magistério, Catinari opta pela ousadia, escrevendo em primeira pessoa o diário íntimo de uma pré-adolescente.
Nele, os personagens não têm nome e as ações estão longe do ritmo frenético das histórias juvenis dos dias de hoje. Mas nem por isso o livro é menos emocionante.
"Minha preocupação foi em ser verdadeira. Sem censura", diz a professora, que passa com louvor por essa prova de fogo.
A autora conta que desde os 12 anos tem o costume de escrever em diários. "Comecei com duas atividades paralelas: diário e poesia. Manuel Bandeira foi uma das minhas primeiras paixões literárias", conta.
Assim, imaginamos que seus diários pessoais tenham inspirado, de alguma forma, o livro. Mas não.
"Em momento algum consultei meus diários. Puxei mesmo da memória afetiva e fiz adaptações baseadas em observações de alunos, ex-alunos, filhos meus e de amigos."

Fonte do perfil: www.americanas.com.br.
Acesso: 05/06/2008.


Referências bibliográficas:
(1) - A Bicicleta e o Tempo, de Antonella Catinari. Ilustrações: Ana Raquel. Apresentação: Anna Cláudia Ramos. 50p., 3ª ed. Record, RJ, 2006.
(2) - A crise da leitura e o ensino do português, de Luiz M. de Souza e Luiza O. Berthier. Revista Letra/UFRJ.
- Minidicionário Caldas Aulete. Apresentação: Evanildo Bechara. 896p., 1ª ed. Nova Fronteira, RJ, 2006.



Nota:
Escrito em 15.09.2008.
Modificado 25 vezes desde então.
Ocupei-me da escritora Antonela Catinari por 13:50h, até 08/02/2010.

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