quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"Estudo das diversas modalidades de textos infantis" (Cristiane Madanêlo - UFRJ)

I - Fábulas
II - Contos de Fadas
III - Estrutura básica dos contos de fadas
IV - Lendas
V - Poesia


Fábulas
Fábula vem do latim – fari, falar e do grego – Phao, contar algo.

Narrativa alegórica de uma situação vivida por animais, que referencia uma situação humana e tem por objetivo transmitir moralidade.
Algumas associações entre animais e características humanas, feitas pelas fábulas, mantiveram-se fixas em várias histórias e permanecem até os dias de hoje:
leão - poder real
lobo - dominação do mais forte
raposa - astúcia e esperteza
cordeiro - ingenuidade

A proposta principal da fábula é a fusão de dois elementos: o lúdico e o pedagógico. As histórias, ao mesmo tempo que distraem o leitor, apresentam as virtudes e os defeitos humanos através de animais. Essa lição moral é apresentada através da narrativa.

Há registros de fábulas egípcias e hindus, mas atribui-se à Grécia a criação efetiva desse gênero narrativo. Esopo (Séc. V a.C.) a reinventou, sendo ela aperfeiçoada, séculos mais tarde, pelo escravo romano Fedro (Séc. I a.C.), que a enriqueceu estilisticamente.

Ao francês Jean La Fontaine (1621/1692) coube o mérito de dar-lhe a forma definitiva, introduzindo-a para sempre na literatura ocidental.

Eis algumas fábulas imortalizadas por La Fontaine:
A cigarra e a formiga
A raposa e o esquilo
A corte do leão
A leiteira e o pote de leite
Animais enfermos da peste
O leão e o rato
O pastor e o rei
O leão, o lobo e a raposa
O leão doente e a raposa
O lobo e o cordeiro
Os funerais da leoa

O brasileiro Monteiro Lobato dedica um volume de sua produção literária para crianças às fábulas, muitas delas adaptadas de La Fontaine. Dessa coletânea, destacam-se:
A cigarra e a formiga
A coruja e a águia
O lobo e o cordeiro
A galinha dos ovos de ouro e
A raposa e as uvas.



Contos de Fadas
Quem lê "Cinderela" não imagina que há registros de que essa história já era contada na China, durante o século IX d.C. E, assim como tantas outras, tem-se perpetuado há milênios, atravessando toda a força e a perenidade do folclore dos povos, sobretudo, através da tradição oral.

Pode-se dizer que os contos de fadas, na versão literária, atualizam ou reinterpretam os conflitos do poder e a formação dos valores, misturando realidade e fantasia, no clima do "Era uma vez...".

Lidam eles com conteúdos da sabedoria popular, com conteúdos essenciais da condição humana. Neles encontramos o amor, os medos, as dificuldades de ser criança, as carências (materiais e afetivas), as auto-descobertas, as perdas, as buscas, a solidão e o encontro.

Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento "fada". Etimologicamente, a palavra fada vem do latim fatum (destino, fatalidade, oráculo).

Tornaram-se conhecidas como seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, que se apresentavam sob forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes sobrenaturais, interferem na vida dos homens, para auxiliá-los em situações-limite, quando já nenhuma solução natural seria possível.

Podem, ainda, encarnar o Mal e apresentarem-se como o avesso da imagem anterior, isto é, como bruxas. Vulgarmente, se diz que fada e bruxa são formas simbólicas da eterna dualidade da mulher, ou da condição feminina.

O enredo básico dos contos de fadas expressa os obstáculos, ou provas, que precisam ser vencidas, como um verdadeiro ritual iniciático, para que o herói alcance sua auto-realização existencial, seja pelo encontro de seu verdadeiro "eu", seja pelo encontro da princesa, que encarna o ideal a ser alcançado.



Estrutura básica dos contos de fadas
Início - nele aparece o herói (ou heroína) e sua dificuldade ou restrição: problemas vinculados à realidade, como estados de carência, penúria, conflitos, etc., que desequilibram a tranquilidade inicial:

Ruptura - é quando o herói se desliga de sua vida concreta, sai da proteção e mergulha no completo desconhecido;

Confronto e superação de obstáculos e perigos - busca de soluções no plano da fantasia com a introdução de elementos imaginários;

Restauração - início do processo de descobrir o novo, possibilidades, potencialidades e polaridades opostas;

Desfecho - volta à realidade. União dos opostos, germinação, florescimento, colheita e transcendência.



Lendas
Vem do latim legenda / legen - ler.
Nas primeiras idades do mundo, os seres humanos não escreviam, mas conservavam suas lembranças na tradição oral. Onde a memória falhava, entrava a imaginação para suprir-lhe a falta.

A lenda é uma narrativa baseada na tradição oral e de caráter maravilhoso, cujo argumento é tirado da tradição de um dado lugar. Sendo assim, relata os acontecimentos numa mistura entre referenciais históricos e imaginários.

A lenda, de caráter anônimo, geralmente está marcada por um profundo sentimento de fatalidade. Tal sentimento é importante, porque fixa a presença do Destino, aquilo contra o que não se pode lutar e demonstra o pensamento humano dominado pela força do desconhecido.

A lenda é uma forma de narrativa antiquíssima, cujo argumento é tirado da tradição. Relato de acontecimentos, onde o maravilhoso e o imaginário superam o histórico e o verdadeiro.

De origem muitas vezes anônima, ela é transmitida e conservada pela tradição oral.
O folclore brasileiro é rico em lendas regionais, destacando-se os seguintes títulos:
Boitatá
Boto cor-de-rosa
Caipora ou Curupira
Iara
Lobisomem
Mula-sem-cabeça
Negrinho do Pastoreio
Saci Pererê e
Vitória Régia.



Poesia
O gênero poético tem uma configuração distinta dos demais gêneros literários. Sua brevidade, aliada ao potencial simbólico apresentado, transforma a poesia em uma atraente e lúdica forma de contato com o texto literário.



Fonte:www.graudez.com.br/litinf/
Capturado em 27/12/2008

Um comentário:

Anônimo disse...
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