domingo, 7 de fevereiro de 2010

A Psicanálise dos Contos de Fadas, de Bruno Bettelheim

(Resenha do Capítulo I)

Já vimos, eu, esposa e filha (agora com dezoito anos) toda a filmografia infantil clássica: Pinóquio, Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida... Vimos e gostamos, marcou-nos, achamos válida a experiência. Então, mesmo se agora lermos as versões originais dessas histórias, plenas de significados profundos, não desprezaremos os belos desenhos assistidos e nem os acharemos "versões enfeitadas e simplificadas" dos livros.

Logo, discordamos do autor quanto ao valor maior que atribui à Literatura em relação ao Cinema. Julgamos corretas as adaptações feitas dos livros. Afinal, outra é a linguagem artística, outro o foco narrativo.

Por exemplo: a comportadíssima Alice do desenho animado difere da do livro, que se irrita e externa explicitamente essa irritação. Outro exemplo: Pinóquio.
E, na esfera adulta, temos "Ben-Hur" (o livro), do norte-americano Lew Wallace, e "Ben-Hur – Uma História dos Tempos de Cristo" (o filme), do inglês David Lean. E, aportando ao Brasil, contemplamos "Grande Sertão: Veredas" (o romance), de João Guimarães Rosa, e, com a mesma ternura épica, a minissérie homônima da Rede Globo...
Tanto nos contos de fadas quanto em versões de obras maduras, sobrepaira a panacéia da catarse, iluminando nossos medos, fantasias, sonhos, angústias, mitos e complexos, resgatando nossos espíritos do Abismo.

Damos razão à Profª Drª Georgina Martins, quando reclama da predominância da expressão 'contos de fadas' para designar a Literatura Infantil. E transcrevemos, como reforço, um tópico do livro de Bruno:

"Na maioria das culturas, não existe uma linha nítida separando o mito do conto popular ou de fadas; todos eles formam a literatura das sociedades pré-alfabetizadas.
É uma pena que tanto a denominação inglesa quanto a francesa para essas histórias enfatizem o papel das fadas, uma vez que na maioria delas não aparece nenhuma fada.” (p. 36)

Realmente, a denominação 'contos de fadas' se mostra insuficiente, inadequada, se comparada a 'contos maravilhosos', de abrangência total.
Concluindo, consideramos importante que se leia histórias para os alfabetizandos e se coloque livros nas mãos dos alfabetizados. Sem sermões ou pedantismos didáticos. Proporcionem-lhes fadas, bruxas, madrastas, fadrastas... A leitura pela leitura, apenas. O resto pertence à Vida, que operará os costumeiros milagres.
Cabo Frio, 27 de março de 2008.


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(1) "A Psicanálise dos Contos de Fadas", de Bruno Bettelheim. Trad. Arlene Caetano. 438 p., 21ª ed. Editora Paz e Terra, SP, 2007.

4 comentários:

Anônimo disse...

muito bom....serviu muito para o meu trabalho!

Anônimo disse...

otimo trabalho!

Anônimo disse...

otimo trabalho!

Anônimo disse...

otimo trabalho!